quinta-feira, dezembro 15, 2005

Secos & Molhados

Biografia


Se a bossa nova foi uma revolução na música brasileira – porque sofisticou o samba e o uniu ao jazz e virou produto de exportação – e movimentos como a Tropicália e os grandes festivais de música dos anos 60 podem ser considerados mini-revoluções – porque renovaram a MPB – que nome dar ao que aconteceu com o grupo Secos & Molhados? Fenômeno talvez seja a palavra mais próxima. Desses que insuflam em meio a um sistema estabelecido, fazem um grande barulho, modificam costumes, provocam polêmicas e estardalhaços e desaparecem. Feito um cometa. (João Nunes/Correio Popular)
O conjunto, vocal e instrumental, se formou em 1971 por Ney Matogrosso (Vocais); Gerson Conrad (Violão e Vocais), João Ricardo (Violão, Gaita e Vocais) e Marcelo Frias (Bateria e Percurssão). Ney já havia se apresentado como amador em Brasília DF, onde morava, e tentara o rádio e a televisão, além de cantar em boates, até ser apresentado pela compositora e cantora e compositora Luli a João Ricardo.


O grupo surgiu no inicio de 1973 em São Paulo SP, e em agosto do mesmo ano gravou o LP Secos e Molhados, pela Continental, com Sangue latino (João Ricardo e Paulo Mendonça), O vira (João Ricardo e Luli) e Rosa de Hiroshima (Gerson Conrad e Vinícius de Moraes). O disco foi sucesso nacional, causo polêmica pela atitude ousada e performática possibilitando ao conjunto apresentar-se numa serie de espetáculos, entre os quais se destacam os shows no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro RJ, e no Ginásio Presidente Médici, em Brasília. No ano seguinte, o grupo exibiu-se na televisão mexicana, gravou seu segundo LP, Secos e Molhados, com Flores astrais (João Ricardo e João Apolinário), e Tercer Mundo (João Ricardo e Júlio Cortazar). Ainda em 1974 o conjunto se desfez, passando seus integrantes a atuar individualmente.


João Ricardo lançou um disco em 1975, João Ricardo, pela Philips, com suas composições Vira safado, Janelas verdes e Salve-se quem puder; apresentou-se no Teatro Bandeirantes, de São Paulo; e tentou depois ressuscitar o Secos e Molhados pelo menos quatro vezes, com diferentes formações, nenhuma incluindo qualquer outro membro original do grupo. Gerson Conrad ligou-se ao letrista Paulo Mendonça, a atriz e cantora Zezé Mota e a uma banda de oito elementos e gravou pela Som Livre Gerson Conrad e Zezé Mota, com Trem noturno e A dança do besouro (ambas com Paulo Mendonça). Gravou outros discos solo e continua compondo e fazendo shows.
Os discos abaixo correspondem à formação original dos Secos & Molhados.

Discos

1973

01. Sangue Latino (2:09)
02. O Vira (2:14)
03. O Patrão Nosso de Cada Dia (3:21)
04. Secos e Molhados - Amor (2:16)
05. Primavera nos Dentes (4:51)
06. Assim Assado (2:59)
07. Mulher Barriguda (2:37)
08. El Rey (0:59)
09. Rosa de Hiroshima (2:01)
10. Prece Cósmica (1:59)
11. Rondo do Capitão (1:03)
12. As Andorinhas (1:00)
13. Fala (3:18)

1974

01. Tercer Mundo (2:37)
02. Flores Astrais (3:53)
03. Não, Não Digas Nada (1:39)
04. Medo Mulato (2:20)
05. Oh! Mulher Infiel (1:32)
06. Vôo (2:34)
07. Angústia (2:47)
08. O Hierofante (2:16)
09. Caixinha de Música do João (1:06)
10. O Doce e O Amargo (1:54)
11. Preto Velho (1:03)
12. Delírio (2:41)
13. Toada & Rock & Mambo & Tango (2:17)

Estes discos e o restante estão no link abaixo (*)

(*) Links encontrados na internet. Para download é necessário cliente de torrent similar ao utorrent

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Zephyr

Biografia


No final da década de 60 em Boulder, Colorado, deu-se origem ao grupo Zephyr, mais notável como ponto de partida para o guitarrista Tommy Bolin, que ainda era adolescente quando gravaram o seu primeiro álbum em 1969, intitulado de “Zephyr”. Um apanhado de blues e heavy rock que se lançou no Top 50 naquele ano. Além dos extensos rifes de hard rock de Bolin, é proeminente a performance dos vocais de Candy Givens, que alcançou no blues uma linha peculiar aos vocais de Janis Joplin.

O Zephyr gravou mais um disco intitulado de “Going Back to Colorado” antes de Bolin sair para participar de grupos como James Gang, Deep Purple e consolidar sua carreira solo; o grupo continuou fazendo sucesso ao longo dos anos 70 lançando mais um álbum em 1972, intitulado de “Sunset Ride”.

A formação original do grupo era Candy Givens (Voais e gaita), David Givens: (Baixo e vocais), Tommy Bolin: (Guitarra e Vocais), John Faris (Teclado, Flauta e Vocais) e Robbie Chamberlin: (Bateria e Vocais).
No segundo semestre de 1970 Robbie foi substituído por Bobby Berge e este por sua vez por Eddie Turner. Bolin deu lugar a Jock Bartley até o grupo acabar. Candy morreu em 1984 se afogando em sua banheira após uma overdose de álcool e calmantes, cantando extremamente bem até o fim de seus dias.

Os discos abaixo correspondem à fase do Zephyr com sua formação original.

Discos

Zephyr (1969)

01. Sail On (7:43)
02. Sun's a-Risin' (4:31)
03. Raindrops (2:42)
04. Boom-Ba-Boom & Somemody Listen (7:32)
05. Cross The River (4:52)
06. St. James Infirmary (5:43)
07. Huna Buna (2:27)
08. Hard Chargin' Woman (9:18)
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Going Back To Colorado (1971)

01 Going back To Colorado (4:16)
02 Miss Libertine (6:43)
03 Night Fades Softly (2:31)
04 The Radio Song (2:38)
05 See My People Come Together (3:28)
06 Showbizzy (2:34)
07 Keep Me (4:23)
08 Take My Love (4:19)
09 I'll Be Right Here (4:34)
10 At This Very Moment (5:53)
Download no Mega Upload



Live At Art's Bar & Grill (1973)


01 Just Warming Up (3:52)
02 Cross The River (7:18)
03 Boom-Ba-Boom (3:30)
04 Somebody Listen (8:27)
05 Huna Buna (2:34)
06 The Creator Has A Master Plan (11:09)
07 Sail On (8:56)
08 Crazy 'Bout You (4:10)
09 Goin' Home (6:10)
10 Hard Chargin' Woman (13:34)

(*) Esta coleção faz parte do acervo de Alessandro Borges, os arquivos e seus direitos autorais são de propriedade de "Zephyr" e seu uso é de responsabilidade de quem efetuar os downloads.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Kiki Dee Band

Biografia

Batizada por seus pais como Pauline Matthews, a cantora britânica Kiki Dee nasceu em 6 de março de 1947 em Keighley, Bradford. Foi uma vocalista de soul e rock & roll de suma importância para o cenário mundial sendo a primeira vocalista branca não americana a gravar em 1970 com a Motown de Detroit, fundada pelo grande Berry Gordy Jr.Previamente, a partir de 1963 ainda na Fontana Records, Kiki se lançou com o single “Early night”. Mais tarde, entre 1963 e 1969, apareciam temas pop-soul como “I was only kidding”, “Miracles”, “(You don’t know) How glad I am”, “Runnin’ out of fools”, “Why don’t I run away from you”, “I am going out (The same way I came in)”, “Excuse me”, “Can’t take my eyes off you”, e a versão dos Four Seasons de “Now the flowers cry”.

Em 1970 lançou na Tamla Motown “The day will come (Between Sunday and Morning)”. Um tempo depois firmou contrato com a Rocket Records, selo de propriedade de Elton John, onde lançaria a partir de 1973 canções como “Lonnie and Josie”, “Amoureuse”, “Hard luck story” e “I’ve got the music in me”, um clássico do rock & roll.
Seu maior êxito foi a gravação com Elton John de “Don’t go breaking my heart”, que alcançou um excelente repercursão comercial em todo o mundo.
Depois deste single Kiki Dee, voltou com força total apenas a partir dos anos 90 num dueto com Elton John (com o tema “True love”), diversificando a partir daí a carreira musical com a interpretação.

Os discos aqui postados são referentes a shows na BBC TV, são apresentações antológicas do mais puro soul e rock & roll com KIKI DEE (Vocais), BIAS BOSHELL (Piano, Piano Elétrico), PHIL CURTIS (Baixo), ROGER POP (Bateria), JO PARTRIDGE (Guitarra Acústica e Elétrica) e os convidados MOX (Flauta e Gaita) e IAN DUCK (Guitarra e Gaita).

Discos

Live In Concert BBC TV (1975)

01. Step By Step (4:48)
02. You Need Help (5:34)
03. Loving & Free (5:54)
04. Sugar On The Floor (4:30)
05. Just Like A Light (4:49)
06. Heart & Soul (2:58)
07. Six Days On The Road (3:20)
08. Going Down The Funky Road (5:36)
09. A Man After My Own Heart (3:48)
10. In-stru-men-tal (4:04)
11. Ready Steady Go (3:57)
12. I've Got The Music In Me (6:32)
Live In Concert BBC TV (1977)

01. Intro - In Return (5:00)
02. Step By Step (5:09)
03. First Thing In The Morning (6:05)
04. Sugar On The Floor (5:24)
05. Amoureuse (4:50)
06. Standing Room Only (4:13)
07. Chicago (5:01)
08. Night Hours (4:26)
09. Loving & Free (6:14)
10. Band intro - You Need Help (6:46)
11. I've Got The Music In Me (6:50)
(*) Esta coleção faz parte do acervo de Alessandro Borges, os arquivos e seus direitos autorais são de propriedade de "Kiki Dee Band" e seu uso é de responsabilidade de quem efetuar os downloads.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Johnny Winter

Biografia
John Dawson Winter III, mais conhecido como Johnny Winter (nascido em 23 de fevereiro de 1944) é um guitarrista e cantor de blues norte-americano.
Nascido em Beaumont, Texas, Johnny começou a se apresentar ainda jovem com seu irmão Edgar Winter, que, assim como ele, é albino. Seu primeiro disco (Schoolboy Blues) foi lançado quando Winter tinha 15 anos de idade. Em 1968 ele começou a tocar em um trio com o baixista Tommy Shannon e o baterista Uncle John Turner. Um artigo na revista Rolling Stone ajudou a gerar interesse no grupo. O álbum Johnny Winter foi lançado no final do ano. Em 1969 o trio se apresentou em vários festivais, incluindo o Woodstock
.
Em 1973, depois de se livrar das drogas, Winter retornou em forma com Still Alive and Well. Em 1977 ele produziu o álbum Hard Again de Muddy Waters. A parceria resultaria em várias indicações ao Grammy
, e Johhny gravou o álbum Nothing But Blues com os integrantes da banda de Muddy.
Em 1988 ele foi incluído no "Hall da Fama do Blues".

Os discos aqui postados são referentes ao ano de 1969, são álbuns de uma fase de Winter que traduz toda a sua musicalidade e imponência como guitarrista, artista e "bluesman".
Discos
Johnny Winter (The Black Album)
01. I'm yours and I'm Hers (4:33)
02. Be Careful With A Fool (5:17)
03. Dallas (2:48)
04. Mean Mistreater (3:54)
05. Leland Mississippi Blues (3:32)
06. Good Morning Little Schoolg (2:45)
07. When You Got A Good Friend (3:41)
08. I'll Drown In My Tears (4:46)
09. Back Door Friend (2:55)
Second Winter
01. Memory Pain (5:34)
02. I'm Not Sure (5:23)
03. The Good Love (4:43)
04. Slippin' and Slidin' (2:47)
05. Miss Ann (3:42)
06. Johnny B. Goode (2:49)
07. Highway 61 Revisited (5:07)
08. I Love Everybody (3:43)
09. Hustled Down in Texas (3:32)
10. I Hate Everybody (2:33)
11. Fast Life Rider (7:00)
The Progressive Blues Experiment
01. Rollin' and Tumblin' (3:09)
02. Tribute to Muddy (6:21)
03. I got love if you want it (3:54)
04. Bad luck and trouble (3:43)
05. Help me (3:47)
06. Mean town blues (4:30)
07. Broke down engine (2:49)
08. Black cat bone (3:47)
09. It's my own fault (7:18)
10. Forty-Four (3:31)
Texas Blues
01. Livin' in the blues (2:46)
02. Creepy (2:21)
03. Gangster of Love (2:30)
04. The guy you left (2:31)
05. Out of sight (2:18)
06. Parchman farm (2:42)
07. Low down gal of mine (3:07)
08. Five after four AM (3:02)
09. Ease my pain (3:09)
10. 32-20 Blues (2:17)
11. Bad news (2:44)
12. Goin' down slow (4:40)
13. Kind hearted woman (3:42)
14. Harlem Nocturne (3:05)
15. Livin' in the Blues (2:40)
16. Leave my woman alone (2:42)
17. I can't believe you want to leave (2:30)
18. Roadrunner (2:04)
19. Shed so many tears (2:17)
20. Avocado Green (2:31)
21. I had to cry (1:57)
22. Please come home for Christmas (2:41)
23. That's what love does (2:20)
24. By the light of the silvery moon (2:14)
25. Kiss tomorrow goodbye (2:40)
26. Easy loving girl (2:50)
27. Birds can't row boats (Spiders of the Mind) (2:58)
28. Take a chance on my love (3:03)
29. The world turns all around her (2:38)
(*) Esta coleção faz parte do acervo de Alessandro Borges, os arquivos e seus direitos autorais são de propriedade de "Johnny Winter" e seu uso é de responsabilidade de quem efetuar os downloads.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Casa das Máquinas

Biografia
Grupo musical que se originou em 1972, quando Netinho e Aroldo (ex-integrantes do grupo OS INCRÍVEIS), descontentes com o rumo comercial que o grupo estavam tomando, juntamente com outros músicos de garra (Carlos Geraldo, Pique e Pisca) resolveram unir-se com o intuito de fazer outro tipo de "som" que fosse mais artístico e menos comercial.
O grupo original nasceu de um desmembramento da banda OS INCRÍVEIS, sendo Netinho e Aroldo (baterista e guitarrista, respectivamente) os primeiros a iniciar o grupo. Depois então vieram os outros integrantes: Carlos Geraldo, Pisca e Pique (antes de ingressar na banda do CASA DAS MÁQUINAS, Pique tocava com Roberto Carlos).
O grupo se desfez em 1978, quando houveram acusações contra o grupo de que teriam culpa por um triste episódio, onde um cinegrafista da Rede Record faleceu; Além dos discos oficiais já citados, existe ainda um pirata gravado no mesmo ano da dissolução da banda; O disco foi gravado em Santos - SP, em abril de 1978; Traz as músicas de maior sucesso da banda; Recomendado apenas para os fãs mais assíduos; O grupo original era formado por: Netinho (bateria e percussão), Aroldo (guitarra, violão e vocal), Carlos Geraldo (baixo e vocal), Pisca (guitarra, violão e vocal) e Pique (saxofone, piano, órgão e flauta); No 3º LP, houveram algumas modificações: Aroldo, Carlos Geraldo e Pique saíram; Entraram: Simbas (líder vocal), Marinho (piano acústico, piano fender, minimoog, Eika strings) e João Alberto (baixo); João Alberto entrou para o grupo após a gravação do 3º disco do CASA; Marinho entrou no lugar de Pique; O único disco que o integrante João Alberto participou e gravou foi o LP pirata do show realizado na cidade de Santos - SP.

Discos:
(1974) Casa das Máquinas
01. A natureza (4:10)
02. Tudo porque eu te amo (3:08)
03. Mundo de paz (4:04)
04. Quero que você me diga (3:08)
05. Canto livre (4:20)
06. Trem da verdade (3:02)
07. Preciso lhe ouvir (2:59)
08. Cantem esse som com a gente (3:29)
09. Domingo tarde (2:32)
10. Sanduíche de queijo (1:41)
(1975) Casa De Rock
01. Casa de rock (3:51)
02. Jogue tudo pra cabeça (3:51)
03. Certo sim, seu errado (3:16)
04. Stress (3:07)
05. Londres (3:19)
06. Doutor Medo (4:46)
07. Mania de ser (4:02)
08. Sonho de vagabundo (4:44)
09. Essa é a vida (3:54)
10. Eu queria ser (5:28)
(1976) Lar De Maravilhas
01. Vou morar no ar (3:33)
02. Lar de maravilhas (6:15)
03. Liberdade espacial (2:22)
04. Astralização (5:29)
05. Cilindro cônico (5:01)
06. Vale verde (6:55)
07. Raios de lua (2:59)
08. Epidemia de rock (3:02)
09. O sol / Reflexo ativo (7:55)
(1978) Ao Vivo em Santos
1. Essa é a Vida (12:26)
2. Londres (3:14)
3. Natureza (5:13)
4. Doutor Medo (6:24)
5. Vale Verde (8:40)
6. Mania De Ser (6:11)
7. Stress (3:06)
8. Epidemia de Rock (3:34)
9. Introdução (1:16)
10. Casa do Rock (8:04)
11. Jogue Tudo Pra Cabeça (4:05)
(*) Esta coleção faz parte do acervo de Alessandro Borges, os arquivos e seus direitos autorais são de propriedade do "Casa das Máquinas" e seu uso é de responsabilidade de quem efetuar os downloads.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Dilúvio Voluntário

Saciamos a carne, o espírito e a vontade, em troca seria justo as me-ras casualidades de uma vida repleta de realizações. Temos tudo ao alcance de uma fera insaciável, porém quem dita as leis é o mundo, insano e cheio de conformismos. Somos luz, somos corpo, somos a evidência de um amanhã que não cessa. Somos carne, putrefamos sem o consumo de nossas vidas.
Quem quer saber as vontades que pertencem aos emancipados pela insatisfação, ora cansados, ora descontraídos, ora ignorados. Queremos a busca por algo que encante, de uma forma verdadeira e concisa. Quer se ter, se quer querer, se quer amar e sofrer numa sintonia que condiz com a coerência de uma realidade “real”, se quer entender o porquê de fatos totalmente indefinidos por mentes que se exaltam no egoísmo astral.
Quem dera ter os céus para celebrar algumas divindades, há quem queira vida para se consumir, há quem quer um casulo para sucumbir, há quem quer irradiar tristeza para se expandir. Poucos sãos e muitos completos de manias totalmente incoerentes e imperfeitas. Desistimos do inevitável, realçamos a insegurança e no final, quem se transforma em que? Luz e sombras denotando a irreal razão que pensamos ter...
...Quem somos para pregar a verdade de um mundo totalmente dinâmico. Excluímos as verdades e pensamos estar caminhando rumo à perfeição de uma jornada. Temos tudo, embora o nada seja mais promissor para nossas vidas.
Quais seriam as reais propostas de uma vida regada de incertezas quanto ao futuro: chula e sem propósitos, louca e sem porém, devastadora para nós mesmos. Queremos o “real abstrato”, o virtual que possamos pegar, o sentir que nos exalta, o amar para conhecer a pureza de qualquer sentimento.
Por quê nos fechamos em paredes mudas vingando a nossa eterna falta de percepção; qual a razão de um desencontro voluntário, qual a verdade de nossas próprias mentiras. Ontem o encontro com as divindades presentes em nós mesmos, amanhã a lisérgica objetividade que nos deixa na mais completa solidão...
...O casulo é abrigado por vestes que não cobrem nem mesmo a mínima parcela de nossa vergonha, como voltar à vida, semeando o inteligível mundo do caos seria uma opção totalmente inescrupulosa...Sanar, resolver e aperfeiçoar não condiz com uma vida em prol de uma segurança exacerbada, queremos nos apoiar em vidas concretas, tanto na individualidade quanto na coletividade...O giz de nossas vidas é dinâmico enquanto existem as boas causas, as reais virtudes, a experiência de uma unidade exclusiva, a vontade que não quer acabar...
...Quantos fatos apoderam de nossa clareza...Quantos anos passam em prol de minutos que desistimos de aperfeiçoar...Quantas noites se vão em prol de um momento singular... Quem dera ser perfeita a escolha por um mar calmo... Quem saberia as respostas para uma ilustre vontade de viver...Calar... Vingar... Realçar a angústia... Aprimorar a solidão... Refazer uma vida de realizações estúpidas e involuntárias... Quem sabe o que quer de verdade num mundinho que nos mostra a cada dia a imperfeição de nossos anseios? Seriam os loucos? Seriam os cativos? Ou seriam os medrosos?
Fuma-se a erva da iniqüidade e nem mesmo os pensamentos se completam... Procuramos vida, sentimento e sucesso... Pára aí? Creio que não... Pára em algum lugar? Talvez naquele que nos sentimos totalmente indefesos, o desconhecido mundo de nós mesmos.
Quem quer brincar de viver? Quem quer responder por um erro? Quem quer entender a realidade irreal de nossas vidas? Sofrer, sorrir, sentir, sair para fora de nosso eterno vazio? Quão grande é o poço de nossas virtudes... Por mais que se queira atingi-las, estamos longe de possuí-las...
...Quanta “realidade” expressa nossas “verdades”. Hoje assim, amanhã totalmente arrependido, hoje vida, algum dia a morte, que vem mesmo antes de um acontecimento eterno. Querer implodir a razão é realçar as imperfeições de uma loucura progressiva, lenta e duvidosa.
Quais seriam as cores de um arco-íris real? Quais seriam as vestes de uma musa sensual? Quem seriam os astros de um mundo casual? Qual seria a verdade de um sentimento natural abafado pela casualidade social?
Vive-se, deita-se num mundo cheio de diferenças. Ali o encontro, de um outro lado a ausência de qualquer fato condicional. Numa página a realização, na outra a insatisfação. O trabalho, a meta, a necessidade de perfeição; o que seriam? Nada, apenas a desculpa que assumimos pensando caminhar por uma coisa mais séria que nossas próprias vontades... Nosso consolo, nossa família, nossa “responsabilidade” por tudo que preocupa ao mundo racional e estúpido: nossa projeção vital regada à esquizofrenia de nossa ausência.
Vivemos ontem, e amanhã morremos em prol do que? Do tudo feito, do tudo conquistado ou do talvez realizado? Quem responde? É claro que ninguém, pois o que se busca é a abstração para um entendimento pessoal. Leva-se amor, rancor, ódio, afeição, e momentos eternos vividos de uma forma pura e singular... Leva-se a destreza, leva-se o pensamento e a realização de mentes que se encontram na necessidade mútua.
Quem quer viver se não por fatos realmente relevantes? Quem não quer sorrir nos momentos de angústia? Quais são os tolos que desprezam o verdadeiro caminho? Quem seriam os astros de uma vida realmente vivida?
Ora estes, ora aqueles, ontem sãos, hoje doentes...Quem é o que nesta jornada pela vida “correta”? Atropelam-se as “verdades”, grita-se a razão e no final a emancipação do nada, o próprio dilúvio voluntário.
Por quê? O que realmente se quer é viver, cantar uma canção que não cesse, sorrir para um mundo realmente prazeroso. Quais são as reais vontades de uma existência, quando se aniquila a força de um momento...Por quê? Para quê? Motivos que nunca nos deixam, e que não temos como controlar, porém algumas certezas nos consolam: a angústia de estarmos sozinhos nesta coletividade, atados aos nossos próprios braços, consumindo a nós mesmos numa tentativa de auto conhecimento. Vivemos, buscamos, e cada vez mais, não encontramos o real sentido para nós mesmos.
(*) Esta crônica foi escrita por Alessandro Borges no dia 30 de janeiro de 2002, relatando um reflexo sobre a "realidade" existente em nossos mundos....