quarta-feira, janeiro 18, 2006

Chamado Interno

Somos a certeza de um sonho que se reflete na luxúria de sermos insaciáveis, a maneira mais conveniente de nos encontrarmos dispersos em vários oceanos de prazer. O descontrole concebível em realizações há tanto esperadas, sonhos e vontades, o encontro aos braços que podemos chamar de repleta rendição, a total harmonia entre o querer e o fazer, a conciliação anunciada do amor, da esperança e da realização de uma mínima parcela de vontade.
Suplicamos aos deuses as nossas divas, relembramos momentos e às vezes vivemos através deles. O sou já não é real, o estou seria a certeza do querer fazer valer, pra si, pra ti e para o tudo que tanto desejamos.
Ó jornada, ó esplendor de querer fazer, desejar, sonhar, viver, refletir em momentos de aceitação as vontades que tanto desejamos saciar. Hoje e amanhã, sempre. Velejemos e nos encontremos, caminhemos rumo ao desejo que nos incendeia, conquistemos o espaço que nos fascina tanto, na vontade, na certeza, na carência que desejamos ser preenchida pela lealdade de um amor confortante.
Querer o bem querer, cantar o canto que através de uma cantoria nos retrata a imortalidade de um momento. Seria de nós a certeza de que podemos nos possuir? De nos amar, de nos assumir, de nos encontrar em momentos cruciais para a nossa pretensão de amar, gozar a vida e dela se realizar?
Sonhar, viver, sorrir, e nunca partir. Querer, pedir, implorar, e sempre querer uma segunda oportunidade para ser feliz. Desejo, intimidade e retribuição nos fazem pensar no quanto seremos se pudermos. Somos o véu que esconde rostos, a certeza que deve ser revelada, a carne que através da sua prova nos remete o quanto precisamos de nos encontrar enquanto meros seres deste grandioso universo de soluções.
Quem nunca desejou ser agraciado? Quem sempre desejou a solidão como uma parceira confidente? Quem se arremessou sem mirar o alvo ao qual se desejava conquistar? Queremos as respostas, viver as certezas, sentir as múltiplas faces da realidade. Às vezes sofrer e às vezes se anestesiar pela satisfação de sermos e querermos, de pensarmos e falarmos, de amarmos e sermos amados, de vivermos e de nos consolidarmos enquanto meros fantoches da divindade suprema.
Em relação à supremacia dos deuses de galáxias infinitas, sejamos a divina coerência entre as mãos que nos coordenam, e as mãos que nos querem conter em terra firme, querendo cortar as cordas de uma ligação superior, no intuito de garantir o gozo de um espírito terreno, que já não precisa de tanta luz para os seus passos. Apenas um abraço amigo, um gesto de alegria, uma eternização do bem querer.
No caminho de nossas vidas, nossas trilhas, nossas vontades, nossos conceitos, tudo faz parte da diferença básica que nos remete à anunciação feita acima da montanha das verdades, somos o que nos faz acreditar que podemos, os atores que precisam de aplausos, os pais que só através de filhos que os amam se sentem confortados, o aperto de mão que necessita do calor de outra, a vontade que se realiza pelo seu saciar, o sonho que quando vira realidade se torna a constante realização pessoal que tanto desejamos.
Na loucura. Na sanidade. Na certeza de haver uma necessidade. Na incerteza de desejar o “talvez proibido”. Na fantasia de ser o agora, pensar o futuro e ouvir os passos que ainda não demos.
Todos são os seus próprios preceitos; tudo é sentimental; a realidade, uma eterna escrava de nossas reais pretensões; a fantasia, nossa “senhora” tão respeitada e que nos coordena através da vida; nosso tempo, a ampulheta que na sua cronologia nos indica os passos a serem seguidos; o sorriso, a gratificação dada aos deuses pela conquista, pelo amor e pela harmonia da beleza contida na satisfação.
Somos o grito, clamamos por vontades escondidas, em vestes, em sonhos e mesmo na mais remota idealização de vida: o nosso partido, a grande vez, o eterno pensamento que nos faz sonhar o tempo todo com situações que poderiam ser. Estamos para nós, estamos para todos, vida pra mim e pra ti, felicidade para aqueles e para os segundos que ainda não chegaram. Desejo, força, amor e esperança. Realizados estamos, e nos saciemos pelo quanto somos, pelo quanto fazemos e pelo quanto ainda faremos.
(*) Esta crônica foi escrita por Alessandro Borges no dia 18 de abril de 2003, relatando uma real explanação sobre um sentido para os nossos afagos....

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